Num setor maioritariamente composto por homens, Rita Dória faz parte dos 21% de mulheres que ocupam cargos de liderança na Salvador Caetano. Na entrevista de hoje fala-nos do seu percurso na Toyota Caetano Portugal e das diferentes visões sobre as temáticas de diversidade e inclusão.
“A Toyota é uma marca única. É uma marca muito especial. É visionária. Eu adoro projetos e pessoas e aqui na Toyota sempre tive a oportunidade de mudar, de experimentar e de construir projetos de base. Quando dou por ela, já passou, mas sempre com prazer, com muita vontade e motivação.” É assim, de forma apaixonada que Rita Dória, com quase 29 anos de carreira na Toyota Caetano Portugal, explica, o que ainda hoje a motiva a trabalhar.
É recorrendo ao célebre slogan, “É como a Toyota, é para ficar”, que explica que entrou como estagiária da licenciatura de Engenharia e Gestão Industrial, ingressando, em 1994, como colaboradora, na área técnica e de gestão oficinal, área que já não existe. Desde então agarrou várias oportunidades de carreira e ocupa hoje um cargo estratégico na organização.
No que toca à igualdade de género, acredita que ainda há muito a fazer, não só na Salvador Caetano, mas também no mundo.
Rita sugere que uma das formas de combater a desigualdade passa por criar ações que visam aumentar a literacia das pessoas sobre a temática, por exemplo, da mesma forma que existem aulas de apoio à gravidez, ao mesmo tempo, criar aulas de como educar com igualdade e equidade. Ações que pretendem educar os pais, para poderem educar os filhos.
Uma outra necessidade é proporcionar igualdade de oportunidades. Por exemplo, “se um homem disser que vai de licença de paternidade pode ser mal interpretado”. É necessário combater este estigma e perceber que é normal um homem dizer: “eu tenho de sair para ir buscar os meus filhos” ou “tenho que fazer yoga”.
O princípio da normalização deve ser colocado em prática, tanto para entender que não há tarefas de homens, nem de mulheres, como também para permitir que assuntos como a menstruação, a menopausa e a andropausa, por exemplo, deixem de ser tabus e sejam vistos como algo natural da condição humana.
Uma outra preocupação é adotar um maior cuidado com a linguagem. É necessário mostrar, “com a maior genuinidade e transparência, o quanto algumas palavras podem ser prejudiciais para o futuro das pessoas.”
No que se refere ao setor automóvel, explica que para encorajar mais mulheres a seguir a sua vocação profissional nesta área é necessário mostrar que esta indústria é mais do que “um carro bonito, que é racing, tem não sei quantos cavalos e anda muito”. Recordando uma frase que tantas vezes diz, “Eu sou mais fã de pessoas e tudo que é experiência do cliente, do que dos carros em si”, pretende mostrar que esta indústria é essencialmente sobre mobilidade e proporcionar experiências.
No que se refere a mulheres em cargos de liderança Rita defende que “é importante começar a preencher o funil por baixo”, isto é, “contratar, porque se não tiver mulheres no lugar de chefia intermédia, não consigo chegar ao topo.” É importante, também, existirem nas empresas “comunidades, departamentos e divisões próprias” que trabalham, diariamente, nos temas da diversidade e inclusão, como é o caso da Toyota Europa.
Rita tem sido voz ativa no que se refere ao tema igualdade de género, transmitindo importantes mensagens tanto para Toyota Caetano Portugal, como para o mundo.